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01 de Setembro de 2016 - 18:48:05

Ex-prefeitos relembram das disputas pelos votos

“Cheguei em casa falando para minha mulher que estava preocupado, porque era muito gago, não iria conseguir fazer discurso na posse”
 
 
Ex-prefeitos relembram das disputas pelos votos

 Gordo concorreu e ganhou a vereador, prefeito e deputado

 

CLÁUDIO EDUARDO DE SOUZA

[email protected]

 

­– Eu preciso da curiama pro meu cavalo.

Pediu e ganhou do candidato. Dias depois, volta para fazer novo pedido.

– Meu cavalo morreu e eu preciso de outro.

Ganhou! E não demorou para voltar ao político, contando que a carroça havia sofrido avarias num acidente. Queria o conserto ou uma nova. Com a paciência esgotada, o candidato ficou ‘de quatro’ no chão, encarou o eleitor pedinchão e soltou: “eu vou puxar a carroça pra ti. Daí tu capricha nas chicotadas, porque eu mereço!”. O eleitor ficou vermelho, envergonhado. Entendeu o recado. O desabafo de muitos anos antes, ficou na memória do ex-prefeito e ex-deputado estadual de Tijucas, Nilton Fagundes, o Gordo.

A primeira eleição que disputou, foi para vereador, em 1972. Na época com 21 anos, concorreu inclusive com o próprio irmão. Mesmo assim, Gordo foi eleito. E o mais votado daquela disputa. Saiu das urnas com moral. O que o elevou, na eleição seguinte, a ser um dos dois candidatos a prefeito pelo MDB. Naquele tempo, os partidos podiam lançar até três candidatos a prefeito – os votos eram somados à legenda da sigla; a que tivesse mais, vencia a disputa; e o nome com mais votos nela, ganhava.

“Os resultados demoravam dois dias para sair. No primeiro dia de contagem, eu estava na frente. Fui dormir prefeito... Cheguei em casa falando para minha mulher que estava preocupado, porque era muito gago, não iria conseguir fazer discurso na posse”, recorda. Mas no dia seguinte, quando abriram as urnas dos bairros do interior, Lauro Viera de Brito foi quem ganhou a eleição pelo MDB (que superou o Arena no total de votos da legenda). Seis anos depois, voltou à disputa. Desta vez ganhou. E se orgulha de ter feito o sucessor – Binho Barreto, que ganhou em 1988.

PRIMEIRO TUCANO

Apesar de sempre ligado ao PMDB, o nome de Gordo está marcado na história do PSDB de Santa Catarina. Em 1990, foi convidado a concorrer à Assembleia Legislativa e incentivado a ir por um partido que surgia com nomes fortes no nível nacional. Saiu pelo PSDB e ganhou. Foi o primeiro deputado estadual tucano. Contudo, não gostou da experiência de ter sido parlamentar. “Aquilo lá foi minha maior decepção. Guarda batendo continência, tapete vermelho, muita pompa... Não gostei. Gostava mesmo era de ser prefeito!”, ressalta.

SABIA DA DERROTA

Em 2000, de volta pelo PMDB, Gordo saiu a vice na chapa encabeçada por Dinho do Posto – que era vice-prefeito de Tijucas. “Um mês antes eu já sabia que tava perdido. Percebia os sinais. Passava pelas casas e só via camisa amarela pendurada no varal”, lembra. E quem venceu aquela eleição foi a chapa Uilson e Brito, com uma diferença de mais de 700 votos. Foi a última eleição que disputou, isso há 16 anos. Continua ligado à política. Gosta. Mas garante que, para as urnas, não volta mais.

 

“Eleição é muito bom na hora. Não temos que remoer”

 

LEGENDA: De seis eleições que disputou, Brito ganhou três

 

– Queres um cafezinho?

Aquela deveria ser a décima vez que ouvira a mesma pergunta durante a caminhada daquela manhã pelas ruas da comunidade da Aldeia, no bairro Praça. Mesmo estando cheio de café, responde que “sim”. Não faria a desfeita de recusar. A mulher, então, tira de uma cristaleira empoeirada a xícara – igualmente poeirenta – que parecia estar ali havia anos aguardando por uma ocasião especial. E a anfitriã considerou que a visita de um candidato a prefeito de Tijucas era uma ocasião especial. Sem qualquer menção de que tiraria a poeira, serve o café que se mistura à sujeira. Entrega. O político assopra a borda para tentar amenizar. Mesmo assim, parece indigesto. Toma num gole só. “Faz parte”, pensa.

Apesar da lembrança que hoje é motivo de risos, o ex-prefeito Nilton de Brito diz sentir falta daquelas jornadas que fazia durante as eleições. A primeira que disputou foi em 1982. Com 34 anos, concorreu a vereador e se elegeu para o cargo. Era da bancada de oposição ao prefeito Gordo. No pleito seguinte, saiu a prefeito e perdeu por menos de 200 votos. 

Em 1992, pelo PDS, voltou à disputa. Daquela eleição, guarda as mais valiosas recordações de uma campanha que, segundo ele, foi vencida pela alegria e engajamento de amigos. “As pessoas sequer falavam de sigla. Diziam que eram do partido do Brito”, conta. Na época, acordava todos os dias às 5h da manhã para definir o que fazer, cedo ia para as ruas, passava de casa em casa, tomava dezenas de cafezinhos e, à noite, seguia para as reuniões partidárias. Não cansava. Queria ganhar e conseguiu. “Como prefeito, fiz uma administração popular. E isso fez com que eu tivesse aprovação de 74%. Se a lei permitisse reeleição naquela época, eu seria reeleito tranquilamente”, acredita.

TRÊS DE VICE

Em 2000, Brito foi vice na chapa encabeçada por Uilson Sgrott. Já no conhecido duelo entre “canarinhos” e “periquitos”, ganharam a eleição – no ano em que Gordo via o domínio das camisas amarelas pelos varais da cidade. A mesma chapa tentou a reeleição em 2004. Perdeu. E em 2008, Brito foi vice de Roberto Vailati. Também perderam, numa disputa em que já sentia a dificuldade de conseguir a vitória. Foi a última vez que saiu. Definitivamente parou de concorrer, mas sem deixar de participar das ações partidárias da sigla que ainda faz parte, o PP.

DERROTA INDIGESTA

Brito participou de seis eleições. Ganhou metade delas. Sabe o gosto da vitória nas urnas, mas também da derrota. Para ele, a perda mais indigesta não faz muito tempo. Foi a de 2004, quando ele (como vice) e Uilson Sgrott tentavam a reeleição. Para ele, a vitória estava garantida até dias antes do pleito. “Fizeram uma armação lá na Praça, pra alegar compra de voto. E naquela bobeira o Uilson apareceu no vídeo, às vésperas da eleição. Aquilo foi parar na televisão e perdemos a eleição que estava ganha”, recorda.

No entanto, ao mesmo tempo em que se permite analisar o passado, ele salienta a importância de esquecer as cenas que vivenciou nos períodos eleitorais. “Não guardo nenhuma recordação, nem santinho, nem bandeira... Eleição é muito bom na hora. Não temos que remoer. Depois que passa, tem que esquecer”. E o ‘esquecer’ que ele menciona, não é apenas para as derrotas. Vitórias também são passageiras.  

 

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