“Eu quero começar a faculdade, fazer a matrícula essa semana. E pra isso eu preciso começar a trabalhar”, justificou, quando procurou o jornal que estava com vaga aberta para a cobrança das assinaturas. Entrou mesmo para a universidade. E começou o estágio no DAQUI. Ficou por meses, até que encontrou outro estágio mais compatível com a área para qual estava estudando. Agradeceu a oportunidade e pediu desculpas por sair, como se ir à luta por algo melhor fosse motivo para se desculpar. Cumprimentou-nos e sorriu esperançoso de que dias ainda melhores estavam por vir.
Todo sonho acabou na noite de terça-feira. Quando, num assalto, foi atingido por um tiro fatal. Tinha só 19 anos. Tinha muitos planos. E acabou como mais uma das vítimas da violência. Bruno Pereira entra para as estatísticas da criminalidade como o sétimo assassinato em Tijucas em menos de cinco meses. Enquanto para a Secretaria de Segurança Pública de Santa Catarina ele é visto como um algoritmo, para todos que o conheceram, a dor ultrapassa qualquer número.
Foram sete mortes registradas este ano. Duas, contando com Bruno, por latrocínio – que é o roubo seguido de morte. Apenas o caso do cabeleireiro Rildo Benevenute, que foi assassinado com um navalha pelo rapaz com quem tinha um relacionamento, o crime foi desvendado e o acusado pela morte, preso. No mais, a Polícia Civil (que é a polícia investigadora) segue sem estrutura e pessoal suficiente para apurar os tantos crimes que acontecem na cidade, outrora pacata. A violência cresce e o Estado segue inerte. Quantos “Brunos” ainda terão seus sonhos interrompidos de forma tão brutal?
|