Topo
TIJUCAS | Quinta Feira, 28 de Março de 2024
Loading
Topo Daqui Tijucas
Menu Daqui Tijucas Daqui Tijucas Notícias Impressa Contato

Notícias

11 de Junho de 2021 - 16:38:52

A arte que vem do barro

Personagem importante da Cultura de Tijucas, Souza é um autodidata que soma mais de cinco décadas de dedicação ao cenário artístico
 
 
A arte que vem do barro

No cosmos particular de Sérgio Roberto de Souza, figuras como Neil Armstrong, Jesus Cristo e os egípcios AkhenatonNefertiti e Tutankamon convivem em perfeita harmonia. Personagens históricos que habitam o imaginário do artista em simbiose tal qual as plantas do seu “sítio na cidade”, como define, onde crescem livremente pés de limão, laranja, carambola e bananeiras. Nesse pequeno jardim, feito galeria a céu aberto, repousam os bustos do casal real do Egitoas flores emoldurando a exposição.   

Souza, como todos o chamam, 77 anos completados em março, é formado no seu próprio curso de artes plásticas. Autodidata, começou a trabalhar com barro há mais de 50 anos. O busto do primeiro homem a pisar na lua, sua primeira obra, data de 1969, e está devidamente conservado em seu pequeno ateliê, em formato de chalé. 

É filho de Laura Rocha de Souza e Osni Pereira de Souza, que era dono de serraria e conhecido em Tijucas como Osni Ferreiro, seguindo costume de associar à pessoa a profissão como sobrenome. Na oficina dele se fabricavam peças para as cerâmicas da região. Naquela época, é claro, o processo era rudimentar ou, como prefere Souza, artesanal.  

Foi trabalhando com o pai, portanto, que surgiu o encantamento pelo fazer do artesão. Mas a produção de peças mecânicas não interessava tanto ao filho de ferreiro, que via na oficina uma oportunidade de exercitar seu olhar artístico. Trabalhou com seu Osni até uns 30 anos de idade, aproximadamente. O fim do expediente, porém, era a hora mais esperada. “Eu saía da oficina direto para um pequeno ateliê nos fundos do nosso terreno. Ficava até tarde da noite aprendendo a lidar com o barro”, lembra.   

 

A ARTE EDUCA

Os anos 60 e 70 trouxeram consigo um anseio por mudança, o desejo dos jovens por mais liberdade na esteira dos movimentos de contracultura e uma efervescência cultural significativa. Era neste contexto que Souza aperfeiçoava seu trabalho com a argila e aprendia sobre a vida. “A arte me educou muito. Com ela eu ganhei sabedoria e foi através dela comuniquei melhor”, sentencia. 

Na metade da década de 1980, o desejo de aprender levou Souza ao Rio de Janeiro, onde a irmã Roselene vive até hoje, e ele estudou por um ano no Museu de Arte Moderna (MAM-Rio).  Como a arte é experiência que não basta se não compartilhada, o ceramista sentia necessidade de dividir aquilo que aprendera até então. Iniciavam os anos 1990 e, segundo Souza, Tijucas carecia muito de um movimento que elevasse a cultura à posição de destaque.  

Foi ele quem encabeçou a criação de uma escolinha de artes e de um centro cultural no município, localizado onde hoje está o Lar Santa Maria da Paz. O movimento só foi possível, faz questão de enfatizar, graças ao então prefeito Nilton de Brito, que comprou a ideia. “Em Tijucas, com o barro, só se fazia telha e tijolo. E eu via que dava arte”, pontua.  

Nas aulas, as crianças aprendiam a moldar figuras em argila e, mais do que isso, na visão do artista, faziam terapia. “Os meninos deixavam ali no barro tudo que é energia negativa, aquele nervosismo. Iam para casa só com energia positiva, lá em cima”, garante, sorrindo. As oficinas duraram apenas os quatro anos daquela gestão, o que Souza lamenta. Gostaria que a cidade tivesse muito mais atividades culturais que, a seu ver, são raras. 

Aposentado, Souza passa os dias na companhia de um simpático vira-latas, Nicki, praticamente cego, no sossego do seu ateliê, o rádio sempre ligado – no fim de tarde frio em que contou sua história, o aparelho sintonizava a tranquila programação da Itapema FM. Anda produzindo quase nada, brincando com a técnica do mosaico com cacos de piso. 

Suas obras, porém, estão espalhadas por diversas cidades do Brasil e até mesmo fora do país (na Argentina é certo que há alguma de suas esculturas). Se o leitor for ao Casarão Gallotti, atual polo cultural do município, encontrará um busto de Sebastião Caboto, figura central na história de Tijucas. 

Ainda mais recluso em virtude da pandemia, o universo de Souza resume-se praticamente à sua propriedade. Nestes tempos, ele acredita, a arte faz-se ainda mais necessária. “Agora é que estamos precisando. Arte é para as pessoas não entrarem em depressão. Mais arte, mais arte”, suplica, esperançoso.

 

 

Envie um Comentário

 

Últimas Notícias

Porto Belo recebe a obra do Pronto Atendimento 24h
Tijucas inicia Campanha de Vacinação contra a Influenza e Tétano
Bombinhas e Florianópolis têm áreas de cultivo de moluscos interditadas temporariamente
Prefeitura de Tijucas está com vagas de estágio remunerado abertas
Audiência Pública para leitura da realidade municipal de Tijucas acontece dia 02 de abril
Rodapé Daqui Tijucas Daqui Tijucas Notícias Galerias Vídeos Impressa Contato
Rodapé Contato Contato AmpliWeb Google Plus YouTube